As bolotas, fruto das espécies florestais autóctones do género Quercus (como as azinheiras, os sobreiros e os carvalhos), têm sido utilizadas para consumo humano em todos os territórios onde a presença humana coincidiu com a distribuição natural destas espécies, em regiões de clima temperado, subtropical e tropical do Hemisfério Norte, explica um comunicado conjunto das duas organizações.
Desde o extremo ocidental da Eurásia até à América do Norte e Central, existem referências ao consumo de bolota por inúmeras culturas. Em Portugal, o seu consumo é mencionado em fontes escritas desde o período romano, mas os vestígios arqueológicos mostram que o seu papel como recurso alimentar remonta a muitos milénios.
E são precisamente as espécies do género Quercus que dominam a nossa floresta autóctone. Cerca de 36% da área florestal é coberta por árvores quercíneas, sendo que a espécie Quercus tem o estatuto de árvore nacional, por ser a espécie com maior distribuição pelo continente, para além da sua importância a vários níveis, como o económico através da indústria da cortiça.
Assim, a Quercus e a LandraTech propõem 5 medidas de valorização da bolota para consumo humano:
- Os produtos de bolota deveriam ter IVA reduzido (6%). Atualmente, a taxa de IVA que pode ser cobrada (23%) sobre a farinha e as bolotas descascadas prejudica a concorrência com outros produtos alimentares semelhantes;
- Certificação da utilização alimentar das bolotas. Apenas a bolota de Quercus rotundifolia (azinheira) está listada pela EFSA (Agência Europeia de Segurança Alimentar) para consumo humano. A bolota de Q. robur só está listada como suplemento alimentar pela AESA. Outras espécies relevantes, como a Q. coccifera e a Q. suber, só estão listadas como suplementos alimentares em Itália;
- Apoio na identificação de certificações relevantes que possam ser implementadas para aumentar o valor dos produtos de bolota de espécies autóctones no mercado, e sensibilização dos proprietários florestais para as vantagens da sua implementação. Por exemplo, "produção biológica", "sem glúten", "zero quilómetros". E outras relacionadas com a origem (produto português) ou com a gestão florestal sustentável/regenerativa;
- Investimento em projectos que visem o estudo dos ciclos de produção de bolota das espécies endémicas mais representativas da nossa flora (anos de colheita e contra-colheita) e a sua relação com os ciclos climáticos, a otimização do processo de colheita da bolota numa perspetiva de simplicidade e eficiência, bem como tecnologias de conservação da bolota, prevendo anos de abundância e escassez;
- Promover acções de sensibilização e de formação, adaptadas a cada tipo de povoamento queratínico, para que os gestores florestais possam fazer isso corretamente, a fim de criar bosques mais produtivos, mais resistentes às pragas e aos incêndios florestais e mais acessíveis à exploração.